A série de pinturas O paradoxo do pássaro livre parece ter despertado mais curiosidades e interpretações do que eu poderia imaginar. Em sua terceira mostra, passando por três cidades da região, Juiz de Fora, São João Nepomuceno e Bicas, resolvi falar um pouco mais sobre cada obra.
Peço a licença poética para transformar minhas interpretações em poesias, porque não seria capaz de explicar com palavras concretas, aquilo que foi feito de pensamentos e sentimentos abstratos.
Se a admiro por um instante, me lembro dos meus motivos em começar,
um basta
uma mão espalmada, que as vezes diz
PÁRA
e as vezes parece tentar agarrar os pássaros,
o ar,
a liberdade
e essa mesma liberdade está presa, por um fio,
ligando as lágrimas à casa
(gaiola)
nossa prisão e porto seguro
continuei pensando nos pássaros
nessa mulher pássaro
mas aos poucos fui percebendo,
que eu queria mesmo é falar das gaiolas.
contrariando as convenções imagéticas,
o (eu) passarinho não foge da gaiola,
carrego ela comigo,
porque todo mundo sabe
que a gente carrega nossa prisão
mesmo gente sábia, gente estudada
gente analisada..
por isso ela olha tanto pra mim
ela me faz lembrar o primeiro
basta
e os vários outros que vou continuar dando
para ter a força de carregar a gaiola
ao invés de me manter trancada nela.
Modelo: Jade Girardi
Fotógrafa: Darlene Braga
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